2004/02/28

Opressões esquecidas e omitidas 

Helena Matos, a quem vamos ter de galardoar como “matadora honorária”, excede-nos mais uma vez as expectativas neste artigo. De uma forma simples, equilibra o ovo e lembra-nos a outra parte dos problemas em que nunca pensamos. E incomoda-nos! Porventura intoxicados com o que se fala e com o que é notícia, só discutimos as causas e esquecemos as pessoas. Pessoas essas, principalmente mulheres, que em muitos sítios deste mundo são vítimas de atrocidades medievais.

Helena Matos fala-nos da palestiniana Souad e da turca Guldunya, condenadas por engravidarem de forma ilegítima (usando, já agora, o direito de serem donas da sua barriga), mas podia também falar da opressão do uso do véu em países islâmicos ou da barbárie cultural que constitui a excisão feminina em muitos países de África.

Mas o pior de tudo é o tipo de informação dos nossos dias, que nos transmite, oculta ou omite factos, sempre com o supremo objectivo de não pôr as causas em causa. A história ensina-nos que as grandes causas mais não foram que a legitimação do sacrifício de milhões para reforçar o poder de alguns. A forma como hoje se (não) registam factos, acontecimentos, ocorrências, promove falsos valores, esconde crimes contra a humanidade e deixa registos que amanhã irão porventura contribuir para escrever uma falsa história ou uma não-história. Não será também isto um crime?

Avassalador 

Fico sempre sem palavras quando leio os artigos de Helena Matos no Público.
Hoje, não posso concordar mais com o que escreve (vale a pena ir lá ler o texto inteiro):

"Sendo inquestionável que os palestinianos têm direito a um Estado independente, sendo igualmente inquestionável que o Estado de Israel tem de ser responsabilizado por inúmeros atentados aos direitos dos palestinianos, não se podem colocar no mesmo prato da balança regimes e líderes democraticamente eleitos e regimes despóticos e grupos terroristas.

Da mesma forma que tenho a certeza que Israel não tem o direito de redesenhar as suas fronteiras com o dado adquirido de milhares de toneladas de betão, também penso que é criminoso exigir a um povo que, em nome da paz, se deixe matar.
"

Bin Laden capturado? 

Oxalá! Mas há muito tempo? Talvez. O mercado dos votos tem destas perversões.

As Bolsas em 2004 (II) 

O mês que agora termina foi excelente para os mercados bolsistas. Das 28 Bolsas que vamos acompanhando, apenas 4 terminaram Fevereiro com perdas, sendo patente algum entusiasmo na generalidade dos mercados, quase euforia noutros como foi o caso de Lisboa. Mas vamos ao quadro com os valores (em moeda local), ordenados por ordem decrescente de rendibilidade nos últimos 12 meses (informação fornecida pela Reuters):



O panorama, como se vê, continua animado e no mês apenas destoaram o Nasdaq, o Xetra, o Bovespa e o BSE 30, estes dois últimos a denotar alguma correcção a ganhos anteriores muito acentuados. As bolsas do “Império” até estiveram bastante animadas durante a última sessão, depois de ter sido revisto em alta o PIB americano do 4º trimestre de 2003 - 4,1% (!!!), quando teremos cá disto? Para o final da sessão, as coisas arrefeceram com a incerteza quanto aos dados do emprego que sairão para a semana. Aliás, aquela rapaziada ainda apanha uma congestão, tal a quantidade de estatísticas que têm continuamente de digerir.

A nossa “bolsinha” teve um mês em cheio: a 3ª maior valorização, sendo a maior dentre as bolsas europeias, fechou com ganhos pelo 7º mês consecutivo e na Europa só perde para Frankfurt na rendibilidade nos últimos 12 meses. Quem tivesse há um ano constituído uma carteira com a mesma estrutura do PSI-20, teria hoje mais 45% - que desconsolo, ver isto só à posteriori... Aliás, seja qual for a Bolsa, vejam o valor que lhe corresponde na coluna dos 12 meses e arrepelem-se depois... Tudo positivo e compensando claramente o risco cambial de alguns mercados. Aliás, as rentabilidades anuais estarão agora a atingir os seus máximos, dado que Fevereiro e Março de 2003 representaram para a generalidade das bolsas o pico mais baixo.

Mas voltando ao nosso “mercadinho” e olhando apenas para as empresas integrantes do índice, a estrela do mês foi a Pararede, a subir quase 28% e a recuperar seguramente de uma quase falência. Segue-se-lhe a Sonae SGPS (+ 16,5%) a querer acordar de uma longa letargia que a fez descer aos infernos e o BCP (+ 15,3%) a quem se desenham risonhas perspectivas nos investimentos além fronteiras. Das empresas do PSI 20, apenas duas não fecharam Fevereiro com ganhos: a Jerónimo Martins, que fechou flat e a SAG Gest que encerrou com perdas de 3,1%. Mas fora do índice também se assistiram a movimentos interessantíssimos: desde uma super especulativa Sonae Indústria a subir mais de 50% no mês, a uma renascida Reditus ou uma “Berardiana” Teixeira Duarte, ambas a subirem mais de 40%. Quem quiser ir em futebóis, está limitado a dragões (os maiores, com uns rotundos ganhos de 3%) ou a uns míseros lagartixos, que definharam 1,5%. Lampiões não existem nestas andanças, que para tal não têm estatuto nem nível (mas tê-lo-ão para alguma coisa?).

Enfim, nos últimos 12 meses encerrados em Fevereiro, a bolsa de Lisboa só em setembro de 2003 fechou com perdas. Se isto não é a retoma, onde é que está a retoma?

Os extremos tocam-se? 

Sigo a polémica entre o Barnabé e o Jaquinzinhos acerca dos blogues de extremos: de direita e de esquerda.

À partida, por todas as razões, sou tentado a concordar com o que defende o JaquinzinhosA verdade é que o direito da extrema-direita estar na blogosfera é exactamente igual ao da extrema-esquerda. Moralmente, tanto direito têm os extremistas de direita a criarem as suas associações como os extremistas de esquerda que já podem associar-se livremente. A opinião dos bloguistas de extrema-esquerda sobre os bloguistas de extrema-direita tem tanto valor como a opinião dos bloguistas de extrema-direita sobre os de extrema-esquerda ou como a minha opinião sobre os bloguistas dos dois extremos».

Sobretudo, por isto: «Tanto a direita como a esquerda extrema, pretendem impôr normas de conduta que acreditam ser superiores, porque baseadas em códigos morais e éticos em que acreditam religiosamente».

Mas, depois, dei comigo a pensar nas razões que me levaram a pedir aos meus dois colegas do Mata-Mouros para retirarem os links dos blogues ditos de extrema-direita.

Deu-se o caso de fazer uma posta acerca da questão dos imigrantes (o dia foi longo e não me apetece procurar no arquivo). De imediato o nosso e-mail foi bombardeado com mensagens de uma agressividade medonha e com um conteúdo repugnantemente racista. Eram "os pretos" para lá, "os pretos" para cá e tudo e todos daqui para fora. Algumas dessas mensagens vinham assinadas. Algumas dessas mensagens eram oriundas dos autores de blogues ditos de extrema-direita.

Comecei a a ler esses blogues com mais atenção. Em quase todos eles impera esse tipo de sentimento. Em alguns, inclusivamente, existe a versão mais refinada e clássica do racismo que é o anti-semitismo.

É aqui que julgo falhar a argumentação do Jaquinzinhos - os extremos tocam-se e assemelham-se em muitas coisas; mas assumir o racismo como um paradigma de conduta é demasiado para mim. Ou seja, consigo visitar qualquer blogue e polemizar com quase todos sobre quase tudo, mas discutir a partir de pressupostos racistas é-me insuportável.

Ser racista é mergulhar ao nível do subsolo intelectual, é violentar a natureza humana, é negar a ciência, é desdenhar a ética, é refutar a diversidade que todos somos.

Esta é a diferença entre os blogues dos dois extremos. Uma grande diferença. É essencialmente por isso que discordo igualmente do que se defende nos dois tipos de blogues, mas a uns visito quotidianamente, discuto e respeito; quanto aos outros, deixei de conseguir passar por lá.

Os blogues racistas não entraram para qualquer Index Proibitorum e concordo que têm direito a existir - mas esqueci-os e, para mim, já não estão.

Ainda sobre o mesmo tema/filme 

Ver esta posta de MP, no Eclético.
(Sinceramente, só espero que o filme valha esta polémica toda)

Eis a resposta 

A Ana respondeu-me por mail à pergunta que lhe fiz na posta anterior.

Embora não tenha visto o filme por inteiro, teve acesso aos 55 minutos que foram enviados à imprensa internacional.

Para além disso, toda a resposta demonstra cabalmente que a Ana pronunciou-se acerca do "The Passion..." com perfeito conhecimento de causa.

2004/02/26

Uma pergunta... 

A Ana, nas suas Crónicas Matinais, escreveu bem e bonito. Frontal como aprecio. Mas temo que tenha resvalado nas generalizações que o "The Passion..." parece ter despertado por todo o lado.

O "pai" não é o "filho". A obra nem sempre se confunde com o autor. Nem se consegue sustentar uma crítica num vago «já se sabe que o objectivo da família Gibson é...».

Sobretudo quando trata de um tema omnipresente e fundacional da cultura ocidental.

Para além disso, o seu texto despertou-me uma ligeira curiosidade: a Ana, por acaso, já viu o filme?

Nova Esquerda e anti-semitismo 

Embora tenham sido escritos há alguns dias só hoje reparei na desmontagem que O Observador faz acerca da Nova Esquerda actualmente emergente.

Tangerina Doce 

Mais uma excelente "sobremesa" para a blogosfera.

Ora nem mais 

FC Porto 2-1 Manchester United FC
Simply remarkable! A sublime performance by the Portuguese champions whose inner belief turned the opposition - labelled the favourites by virtually everyone because of their overwhelming budget and their excellent players - into an ordinary team
.

2004/02/24

Amor e Ócio 

Afinal a propalada crise na blogosfera parece estar a ceder. Todos os dias surgem novos blogues que prometem dar novo vigor.

Desta vez é Rui Baptista que nos quer brindar com Amor e Ócio.

Bem Vindo!

O Vaticano, o anti-semitismo e os extremismos de sempre (agora em nova embalagem) 

Don Kenner líder dos Catholic Friends of Israel, escreveu este interessante artigo acerca de Israel e o Vaticano.

Não tenho a certeza se Kenner já estará ao corrente da mais recente tentativa revisionista do problema do anti-semitismo, ou seja, a lição que hoje nos foi dada sobre a arte-politicamente-correcta-de-se-ser-anti-semita-na-pós-modernidade-sem-o-parecer. Mas, com toda a certeza, depois de ler este piedoso esforço fará uma profunda revisão às suas posições.

País de Feiras 

EPC angustiadíssimo com a organização da Feira do Livro de Lisboa deste ano:

(...) Tendo em conta todos estes factores, o desastre começa a desenhar-se. Para evitá-lo, não há tempo a perder: é preciso decidir já e agir já. É preciso que editores, Câmara Municipal e Ministério da Cultura (que habitualmente se situa à margem deste processo) se reúnam amanhã e decidam para depois de amanhã. Sob pena de deitar a perder o esforço dos dois últimos anos.

Estamos pois à beira da catástrofe! E ou os poderes públicos intervêm desde já (traduzindo, preenchem o cheque) ou teremos uma desgraça nacional. Tudo o resto – a iliteracia que grassa, o insucesso escolar, a falta de qualidade e de exigência no ensino – são questões irrelevantes e que podem continuar a esperar. Fundamental é que haja colaboração entre editores (nem que seja imposta), participação de escritores cada vez mais numerosa, qualidade estética, boa programação cultural.

Uma sugestão: com todo esse fervilhar de ideias, feitas com umas coisas que viu com o Salão do Livro em França, porque não arregaça EPC as mangas e oferece os seus préstimos aos editores? Já agora, propondo-lhes (e aos contribuintes) este aliciante desafio: organizar uma feira de arromba, não receando a “concorrência” do Euro 2004 e do Rock in Rio, que custasse zero ao erário público e fosse um sucesso comercial. Para si próprio, a remuneração normal para quem assume os riscos de empreender: uma percentagem dos lucros da Feira ou o despedimento em caso de prejuízo.

Julgo que os editores aceitariam.

2004/02/23

Guilherme Silva: "O PSD Tem Uma Não-posição Sobre o Aborto"  


O mais eloquente símbolo do actual estado do maior partido deste sistema, Guilherme Silva, definiu hoje no Público a enigmática orientação do PSD acerca do aborto: é uma «não-posição».

Temporariamente, fiquei estupefacto pela lucidez do diagnóstico atendendo, sobretudo, ao gabarito intelectual (!?) do seu protagonista.

De facto, nesta questão o PSD tem-se destacado por não ser nem “Sim” nem “Não”, antes pelo contrário. Com a perspicácia que lhe é reconhecida, GM autenticou essa evidência.

Mas, apesar de tudo, a sua análise peca por defeito – é que não é só no "Aborto" que esta desmesurada plasticidade inteiramente táctica e fanaticamente “politicamente correcta” se afirma como imagem de marca do PSD.

A mesma descrição pode ser usada quanto às posições dos social-democratas acerca da Constituição Europeia, do “choque fiscal”, da reforma da Administração, da Regionalização, do cheque-educação no ensino superior, da ínfima mudança na legislação laboral, da pungente crise da Justiça.

É o mesmo espírito que explica a desonesta invenção de 2 ou 3 listas de espera que se ficcionaram na Saúde, a atitude contemplativa face aos incêndios florestais e a ardilosa gestão orçamental estilo “Vale e Azevedo” – vender património e baralhar os números para se apregoar que se diminuiu o défice!

São tudo “não-posições”, tidas por um “não-governo”, suportado por uma maioria parlamentar que é liderada por uma personagem que hoje mesmo, no Público, patenteou que não existe.

Terrorismo: pormenor insignificante! (2) 

Elucidativa resposta do CN, da Causa Liberal, às razões que apresentei aqui. Não concordo com algumas passagens, mas está devidamente alicerçada.

Parabéns 


Um ano na blogosfera é uma eternidade.

Corrida a Imperador 

Ralph Nader anunciou que irá (re)candidatar-se à presidência americana. Óptimo! Depois da desistência de Howard Dean, receava que os nossos amigos barnabeicos não tivessem por quem torcer...

LR e a ordem "natural" das coisas 

A)
Quando expresso opiniões acerca de qualquer tema – exceptuando, talvez, o futebol – tenho como motivação essencial o facto de serem exclusivamente... as MINHAS opiniões!

Não é pelo facto de militar no PND que aquilo que eu escrevo poderá ser visto como a visão dos «neo-democratas» ou a tentativa de atingir uma espécie de fim oculto de que o partido deverá retirar vantagem.

Não faço depender os meus pontos de vista de interesses de grupo ou da conveniência de qualquer partido. Por ser assim, em tempos que já lá vão, sofri uma condenação disciplinar noutras paragens partidárias.

É por isso que escrevo num blogue. É por isso que escrevo neste blogue, declaradamente liberal mas manifestamente apartidário.

Faço-o para poder usufruir da liberdade de escrita e de opinião, deliciosamente desordenada, sobre o que me apetecer. E quando me apetecer.

O que disse aqui sobre PSL/Durão/Cavaco é aquilo que eu penso. Não sei se é o que julgam os demais membros do PND.

B)
LR entende que estou equivocado. Disse porquê.

No fundo, LR acredita que Durão não está implicado, directa ou indirectamente, na actual investida santanista.

Que PSL está a fazer aquilo que a sua natureza lhe ordena. Que o inenarrável aparelho laranja está a pensar e a agir sem que Durão domine ou conheça.

Eu julgo que não é só isso. Parafraseando Borges, creio que há “uma mão atrás da mão” (as conspirações existem, caro LR! E por vezes, resultam...). Que tudo aquilo que está a acontecer é do conhecimento de Durão / Portas. E que só existe porque estes o permitem.

Acredito que Durão, na impossibilidade de lançar à Presidência da República as amansadas figuras de Figueiredo Lopes ou de Amílcar Theias – lídimos sucessores espirituais desse “colosso” político que é Jorge Sampaio –, tudo fará para impedir Cavaco Silva de se tornar num excessivamente incómodo PR. Empurrando Santana para o seu caminho.

Porque, das duas uma: ou PSL ganha e Cavaco Silva morre politicamente; ou PSL perde, ficando demasiado enfraquecido para lhe voltar a fazer sombra dento do PSD (a maior preocupação de Durão).

Na melhor das hipóteses perdem os dois e vence Guterres (mais inteligente, mas da mesma força “moluscular” de Sampaio, F. Lopes e Theias). Durão fica sempre a ganhar.

Mas, claro, tudo isto subsiste apenas num sistema de crenças. Estas são as minhas.

LR disse das suas.

2004/02/22

Nada de mais: venceram os melhores, os outros ficaram pelo caminho... 


O Muro de Israel no Tribunal Internacional de Justiça (rectificado) 

Uma resenha das razões de Israel - que não serão apresentadas amanhã, em Haia, no International Court of Justice (ICJ), porque Israel entendeu não comparecer - podem ser vistas aqui.

Terrorismo: pormenor insignificante! 

Podia apenas dizer que Vital Moreira apresenta uma visão unilateral do conflito em Israel.
Que em toda esta sua análise se esquece de demasiadas coisas importantes.
Que a ocupação israelita da faixa de Gaza e da Cisjordânia não é a real causa do conflito já que as ameaças árabes de destruir Israel existiram desde o primeiro dia da sua proclamação como Estado pela ONU.

Lamentavelmente, Vital Moreira deixou passar as muitas promessas não cumpridas de Arafat.

Não deu qualquer importância ao seu papel de irrecuperável Senhor da Guerra e Protector do Terrorismo.
Não lembrou que as brigadas Al Aqsa e o Hamas não sobreviveriam se o multimilionário Yasser Arafat quisesse a paz.

Mas não vale a pena salientar mais insuficiências e enviesamentos. Basta dizer que esta análise se esqueceu disto:(clicar aqui)






Adenda ao Cidadão Livre 

Essas e muitas outras. Já agora, a expressão "Vitória de Pirro" não se aplica apenas a questões militares.

Acredita, que é verdade! 

Meu Caro CAA, não te ponhas agora com teorias da conspiração! Eu entendo que numa perspectiva neo-democrata interessa fazer passar a mensagem da irreversibilidade da fusão entre o PSD e o PP e criar a ideia de que o PP é o elemento todo poderoso da coligação. Só que isto de fusões acontece noutros mercados que não o da política... Que Portas pense nisso, é normal porque o principal pesadelo deste rapaz (?) é ter de ir a votos sozinho. Mas aliados no PSD para a sua estratégia tem Santana – não por qualquer convicção, trata-se antes de garantir votos – e mais ninguém. Vamos porém por partes:

1. Durão tem obviamente a sua estratégia, mas não pode de modo algum partilhá-la com aqueles dois lacraus ou ter sequer um papel activo na estratégia deles: à primeira oportunidade, levaria dupla e mortal ferradela;

2. Não sei onde viste as distritais do PSD a apoiarem “freneticamente” Santana. Quando muito, apoiam-no hipocritamente, porque o “chefe” de facto do Partido é ele. E desde quando é que o apoio de 3.000 boys ululantes, dada em ambiente de churrasco, lombo e vitela assada é representativa do que quer que seja? Nem deles próprios...

3. Tu que já conheceste o PP (Partido Popular) por dentro, consegues afirmar que aquilo é uma máquina tão bem oleada a ponto de o Portas comandar por controlo remoto corpos e almas dos seus meninos? Já nem no PC tal coisa acontece...

4. Só quem é vesgo ou não quis ver é que não reparou na espessíssima nuvem de fumo que brotava dos neurónios do “Pobre” Guedes quando ele manifestou o seu apoio a Cavaco. Ser-se mais transparente é difícil!...

5. Não compreendo o relevo que dás ao facto de a entrevista ter sido publicada enquanto Durão estava em Madrid. Jamais isto lhe serviria de alibi ou o impediria de conhecer o teor daquela passados 5 minutos. Acho que devias deixar de ouvir o Marcelo...

6. Essa do conflito de maiorias lhe ter sido sugerido... Então não sabes que a única ideia política do Santana, desde há 25 anos, gira à volta do slogan “maioria, governo, presidente”? Não é que ele saiba muito bem o que isto quer dizer e se hoje faz algum sentido, mas é a forma que tem de certificar urbi et orbi, ser o único e legítimo herdeiro de Sá Carneiro...

7. Não acreditas “que PSL esteja a correr por si, a pensar por si, a gizar estratégias por si”. Jamais te perdoarei esta, meu Caro CAA! Mas desde quando é que este D. Quixote de trazer por casa correu por alguém que não ele próprio, pensou em alguém mais que não nele próprio e se prestou a gizar estratégias a favor de alguém que não dele próprio? Mas tu não sabes que Narciso veio há terra há quase 50 anos e usa o pseudónimo PSL? Claro que atingiu o princípio de Peter porventura há mais de 25 anos e só num país de basbaques como o nosso ele continua na crista da onda. Um dia destes os lisboetas sentirão a sua incompetência e então teremos um drama nacional.

8. Cavaco estará a ser sacaneado ao mais alto nível. Talvez aqui tenhas razão. Mas não virá daí grande mal ao mundo. E no final o vencedor será... Durão Barroso, aquele que todos menosprezam mas que resiste, resiste, resite mais que um chinês. E o candidato vencedor será o seu preferido: António Guterres, que vencerá facilmente um duelo “meliciano” com Marcelo.

E, pensando bem, que melhor presidente para o regime que temos senão Guterres? E o povo, mais uma vez, será clarividente: não aceitará trocar um excelente “bobo da corte” e seus serões dominicais por recatada e fervilhante intriga palaciana em Belém, mas de que ele não usufuiria.

O pior está para vir! Mas para Santana, à custa do qual ainda nos iremos divertir bastante...

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